O objetivo desse evento é contribuir para a construção do conhecimento dos discentes sobre o combate e o rastreio precoce da hanseníase. Para isso, os discentes participaram de atividades de observação e acompanhamento dos trabalhos do médico e enfermeiro do ambulatório de hanseníase, sendo responsáveis também por realizar ações de educação em saúde com os usuários do referido serviço.

Hanseníase, Educação em Saúde, Atenção Secundária a Saúde

A hanseníase é uma doença crônica e infectocontagiosa, todavia, condições individuais, fatores relacionados ao nível de doenças endêmicas e condições sociais desfavoráveis afetam o risco de ocorrência. Quando diagnosticada e tratada tardiamente pode trazer graves consequências para os portadores e seus familiares, não só pelas lesões que os incapacitam fisicamente, mas pelas repercussões psicossociais, em decorrência de preconceitos, medos e rejeições por parte da sociedade. Entre os anos de 2015 e 2019, foram diagnosticados no Brasil 137.385 casos novos de hanseníase, mantendo assim o país em um parâmetro de alta endemicidade (Ministério da Saúde, 2021, Boletim Epidemiológico Especial da Hanseníase, 2021). Diante do exposto a liga acadêmica de medicina de família, por meio deste projeto, pretende imergir-se no cenário municipal de combate e atuar na construção de conhecimentos para a abordagem do paciente de hanseníase.

A hanseníase já foi considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como problema de saúde pública no ano de 1991 e, apesar da melhora e evolução do cenário, a magnitude e o alto poder incapacitante mantêm a doença como problema de saúde pública em diferentes países, incluindo o Brasil, que, apesar de estabelecer estratégias que favorecem sua eliminação, continua apresentando tendências ainda distantes do controle. Segundo o Ministério da Saúde, a macrorregião do Nordeste de Minas Gerais é considerada área endêmica para hanseníase. O contexto histórico de intensa movimentação migratória, ligada às baixas condições econômicas, ao preconceito e a intervenção por meio de políticas públicas ineficazes, propiciaram a transmissão do M. leprae e, possivelmente, contribuíram para a atual situação dessa enfermidade na região.(TAVARES; MARQUES; LANA, 2015; ). Estudos apontam que a suscetibilidade à hanseníase está relacionada a condições de moradia precárias, baixa escolaridade, acesso restrito à renda e à alimentação. (PESCARINI et al., 2018) Além disso, o preconceito e desinformação associados a hanseníase contribuem para a detecção e o tratamento tardio da doença, (NAAZ et al., 2017)portanto, faz-se necessário espaços de discussão que possibilitem a disseminação de informações importantes.

Geral Desenvolver nos usuários do ambulatório de hanseníase de Teófilo Otoni o senso de responsabilidade pela sua própria saúde e pela saúde da comunidade e Específicos Ofertar espaços de discussão e troca de saberes entre a academia e os usuários do ambulatório, Discutir aspectos ligados ao cotidiano dos usuários que possam estimular o auto cuidado Discutir aspectos ligados a vivência dos usuários que possam estimular o compartilhamento de informações com o meio social onde se inserem Propiciar aos acadêmicos de medicina integrantes da LAMF vivência em ambiente ambulatorial destinado ao tratamento e diagnóstico de hanseníase, desde o acolhimento inicial clínico até todo o processo de tratamento com a poliquimioterapia e todas as possibilidades de outros tratamentos inclusos,

-Atuar na educação em saúde da população, através da disseminação de conhecimento nas salas de espera que serão realizadas. -Contribuir para a construção do conhecimento dos usuários do ambulatório quanto ao autocuidado, combate e o rastreio precoce da hanseníase. -Capacitar os discentes de saúde com os mais importantes e atualizados conhecimentos para a abordagem do paciente de hanseníase;

Trata-se de um evento que ocorrerá em sete dias. Os acadêmicos estarão presentes no ambulatório de hanseníase de Teófilo Otoni uma vez por semana, durante o período de um mês (totalizando cinco dias) e observarão os trabalhos do médico e enfermeiro da unidade. Apesar da atividade acontecer semanalmente haverá rodízio entre os discentes, dessa forma cada discente deverá acompanhar os profissionais durante uma manhã. Após cada atendimento os alunos realizarão a educação em saúde de forma individualizada por meio da execução de conversas/orientações para os pacientes buscando incentivar o auto cuidado, o pensamento crítico e reflexivo quanto aos hábitos de saúde. As orientações poderão enfatizar pontos críticos percebidos durante o acompanhamento das consultas médicas e de enfermagem. Além disso, serão realizadas duas atividades de educação em saúde de forma coletiva por meio de atividades interativas e educacionais na sala de espera do ambulatório (totalizando dois dias). As atividades serão sempre realizadas fazendo uso de metodologias ativas (por exemplo, mitos e verdades, fishbowl) para estimular o compartilhamento de experiências e a reflexão crítica das práticas de saúde entre acadêmicos e usuários. Para as atividades de educação em saúde coletiva haverá presença de um professor representante da LAMF. Todos os alunos participaram dessas duas atividades de educação em saúde.

Santos, Kezia Cristina Batista dos et al. Estratégias de controle e vigilância de contatos de hanseníase: revisão integrativa. Saúde Debate, Rio de Janeiro, V. 43, N. 121, P. 576-591, abr-jun, 2019. Takizawa,Caio Luiz et al. Hanseníase: diagnóstico, tratamento e epidemiologia, uma revisão de literatura. São Paulo, 2021. BRASIL. Ministério da Saúde.Controle da Hanseníase na Atenção Básica: Guia Prático para Profissionais da Equipe de Saúde da Família. Série A. Normas e Manuais Técnicos, n. 111, Brasília, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Especial da Hanseníase. Brasília, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt- br/media/pdf/2021/fevereiro/12/boletim-hanseniase-_-25- 01.pdf . >Acesso em: 03/08.2022<.

A Interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade está sempre presente nas práticas de educação em saúde. Por meio desta atividade há uma expressiva troca de saberes entre os acadêmicos de medicina, os usuários do ambulatório e ainda os profissionais do sistema de saúde, durante a prática profissional dos mesmos. Essas atividades utilizando-se da metodologia ativa, demandam o compartilhamento de experiências e propiciam uma relação transformadora entre a sociedade e a comunidade acadêmica por meio dos conhecimentos que a Universidade ( professores e alunos) pode ofertar valorizando os saberes, o conhecimento prévio da população e não somente o conhecimento científico.

A atividade proposta tem como característica marcante o trabalho em equipe de forma multiprofissional e interdisciplinar, por permitir aos acadêmicos de medicina acompanhar os profissionais da unidade de saúde (médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem) durante sua prática profissional. No período em que estiverem na unidade de saúde os estudantes poderão vivenciar a realidade do trabalho interdiciplinar e interprofissional, vivenciarão situações cotidianas de atendimentos profissionais, referência e contra referência para outras especialidades, interação com gestores do serviço de saúde e também com outras instituições de saúde.

Advogando pela valorização do conhecimento prático, o ensino viabilizado pelo acompanhamentos das atividades do ambulatório de Hanseníase de Teófilo Otoni, faz parte de uma formação que se preocupa com os problemas da sociedade contemporânea e considera o papel social da universidade refletido nas atividades de Educação em saúde ora propostas, condizentes também com o papel extramuros da universidade, assim como com a prestação de “serviços” a comunidade/unidade de saúde. Acrescentando a este cenário a possibilidade de adquirir habilidades compatíveis com a metodologia de pesquisa ‘pesquisa-ação’, (no início do planejamento das atividades coletam informações em busca do conhecimento sobre a realidade e demandas da localidade de atuação, seguida pela análise dos dados para definição das atividades a serem executadas, ações propriamente ditas e posterior escrita de material científico), aplicável, por exemplo durante a definição das temáticas a serem abordadas durante a sala de espera.

As atividades propostas constituem um momento singular para os acadêmicos visto que vivenciarão ambientes de aprendizagem baseados nos problemas reais do serviço de ambulatório de Hanseníase. Além disso os momentos destinados a educação em saúde /sala de espera para permitem o desenvolvimento da autonomia, melhoram a capacidade de comunicação dos acadêmicos, e estimulam o conhecimento da realidade profissional, aumentando a proatividade e tomada de decisões do futuro médicos.

As atividades de educação em saúde/sala de espera buscam desenvolver a reflexão e a consciência crítica das pessoas sobre as causas de seus problemas de saúde, representando um processo de prover os indivíduos de conhecimentos tornando-os protagonistas de sua própria história. Essas atividades motivam os indivíduos a analisarem criticamente seus hábitos de vida, a se organizarem e a transformarem seu meio social em busca de condições de vida mais saudáveis.

As atividades serão divulgadas previamente por meio de cartazes afixados na unidade de saúde do ambulatório. O profissionais também serão informados quanto a realização das atividades para que auxiliem na divulgação verbal das atividades. Após realizadas, as atividade será divulgada por meio de grupos de whatsapp vinculados a Faculdade de Medicina do Mucuri e nas redes sociais da Liga Acadêmica de medicina de Família e Comunidade (LAMF), nos grupos de trabalho do ambulatório.

Essa proposta visa substituir a ação n º 202203000225 inscrita como projeto. Após avaliação do referido projeto, a comissão verificou a necessidade de reformular a proposta e submeter novamente dentro de uma categoria de propostas de curta duração. Por não se tratar de programa, projeto, curso ou oficina optou-se pela submissão no formato evento.