Promover a melhoria no controle do Hipertensão Arterial sistêmica e do Diabetes Mellitus, para então facilitar o diagnóstico e, por sua vez, o tratamento dessas enfermidades. Para isso será elaborado e confeccionado um cartão controle dos níveis pressóricos e glicêmicos para ser utilizados por profissionais de saúde da Atenção Primária em Saúde.

Atenção Primária à Saúde, Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus

Dentre as Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) a Hipetensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM), são as mais prevalentes, sendo consideradas graves problemas de saúde pública. Permanecem sendo um dos principais determinantes de morbidade e mortalidade no país e no mundo, estando relacionadas a incapacidades e obitos prematuros (JULIÃO et al., 2021; SANTANA et al., 2021). Nos ultimos tempos mudanças no padrão epidemiológico da população, mostram uma maior prevalência dessas patologias em países em desenvolvimento como o Brasil, e constituem uma das principais causas de morte no país (SANTANA et al., 2021). Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) o Brasil ocupa a quarta posição entre os países com o maior número de pessoas com DM, cerca de 12,5 milhões de indivíduos acometidos pela doença (SBD, 2020). A HAS também chama a atenção com cerca de 32,5% dos indivíduos com a doença, contribuindo, direta ou indiretamente, para 50% dos óbitos por Doenças Cardiovasculares (DCV) (SBC, 2017). É importante salinetar que essas patologias, quando associadas, são responsávies por grande impacto na produtividade do trabalho e na renda familiar, especialmente devido a complicações cardíacas, renais e neurológicas, muitas das vezes incapacitantes (SANTANA et al., 2021). O aumento na prevalência de HAS e DM é resultado de multiplos fatores como o envelhecimento populacional, sedentarismo, tabagismo, consum de alcool, prática de vida não saudável, alimentação com excesso de sódio, gorduras e alimentos ultraprocessados, somados a condições precárias de vida da população como baixa escolaridadade, moradia precária, falta de saneamento básico, baixa renda além dos fatores genéticos e individuais (JULIÃO et al., 2021). Dessa forma, o controle, a prevenção e o tratamento da HAS e do DM, depende de uma cuidadosa coordenação do sistema de saúde, da integração com ações intersetoriais e da participação da sociedade civil. Neste sentido, a Atenção Primária em Saúde (APS), contitui-se como o cenário oportuno para o desenvolvimento e implementação de ações e políticas de saúde nesta direção. Uma vez que sendo a ordenadora das Rede de Atenção em Saúde (RAS) e porta de entrada do usuário ao sistema de saúde está apta a trabalhar com os determinantes sociais, ambientais e individuais que interferem no surgimento e na condução das doenças. No Brasil, a Estratégia Saúde Família (ESF) é o modelo prioritário para a consolidação e a ampliação da APS. Nos últimos anos a expansão deste modelo representou um grande avanço na redução das iniquidades em saúde e contribuiu para ampliação do acesso aos serviços de saúde, sendo comprovadas pelas reduções da mortalidade e das hospitalizações por condições sensíveis à APS ( MACINKO, MENDONÇA, 2018). Para o sucesso e maior adesão dos usuários é fundamental que os profissionas de saúde estejam capacitados e instrumentalizados para atuar nas diversas situações que envolvem o assunto. Ações como treinamentos, reuniões em equipe, parcerias inter-institucionais, matriciamento, organização da RAS, dentre outras ações devem ser constantes. Diante disso, o presente projeto visa propor uma estartégia para aumentar o número de diagnósticos e aprimorar o controle e o tratamento da HAS e do DM, por meio da elaboração de cartão de acompanhamento dos níveis da Pressão Arterial (PA) e da glicemia capilar da população atendida pela ESF do bairro Bela Vista em Teófilo Otoni - MG.

O presente trabalho surgiu ao longo das atividades práticas desenvolvidas na disciplina Práticas de Integração, Ensino, Serviço e Comunidade (PIESC), realizada por alunos do 1º período do Curso de Medicina do Mucuri da UFVJM. Nesta disciplina foram realizadas visitas domiciliares e um diagnóstico local de saúde da população do bairro Bela Vista, do município de Teófilo Otoni, Minas Gerais, onde os alunos conseguiram reconhecer a alta prevalência da HAS e do DM na população, sobretudo da população idosa. Foi observado também outros fatores como automedicação, falta de registro dos níveis pressóricos e glicêmicos e a descontinuidada na assistência. Nesse contexto, a confecção d eum cartão para controle deste níveis foi identificado como necessário, sendo um instrumento prático, de fácil manuseio e baixo custo que poderá ser utilizado tanto por profissionais de saúde dos diversos componentes da Ras como também pelo próprio usuário. Dessa forma, a presente ação justifica-se por buscar oferecer a população um mecanismo eficaz que auxiliará a ESF na oferta de um atendimento mais cuidadoso e qualificado , contribuindo para ampliação e efetivação dos principios do Sistema ùnico de Saúde e da APS. Além disso irá promover a inserção do aluno do Curso de Medicina no contexto do serviço de saúde ao qual está inserido, desenvolvendo nele a capacidade de articulação, comunicação e humanização. Promoverá ainda a interação entre a universidade e a comunidade, sendo uma rica oportunidade de oferta de conhecimento e serviços de saúde específicos, além da troca de saberes entre ambos. Fortalecendo o tripé ensino, pesquisa e extensão.

Objetivo Geral Elaborar um cartão de controle de HAS e DM que possa ser utilizado por profissionais de saúde na cidade de Teófilo Otoni/MG. Objetivos Específicos Auxiliar na controle da HAS e do DM. Promover melhoria na continuidade da assitência. Favorecer maior organização no processo de trabalho do profissionais de saúde da APS.

Confecção e Distribuição de 100 cartões de controle para auxiliar a atuação dos profissionais da APS, por meio da documentação do índice glicêmico e valores da pressão arterial. Foco em pacientes a partir de 40 anos, podendo ser disponibilizado para pacientes jovens que por ventura tenham necessidade. Em um período de um ano reavaliar os dados contidos no cartão e observar quais foram os impactos do uso deste na saúde dos pacientes.

A atividade será desenvolvida no município de Teófilo Otoni, MG, ESF do bairro Bela Vista. A cidade está localizada no Vale do Mucuri, ocupando uma área de 3 242,27 km², sendo que 27,68 km² estão em perímetro urbano. Além disso, possui uma população estimada de 141 934 habitantes. O projeto consiste no controle da HAS e do DM dos moradores da localidade, através da criação de cartões que auxiliem o acompanhamento pelos profissionais de saúde dos níveis da pressão arterial e a glicemia dos pacientes. O trabalho foi pensado por estudantes da décima quarta turma da Faculdade de Medicina do Mucuri, após visitas domiciliares realizadas junto aos Agentes Comunitários de Saúde da ESF do bairro Bela Vista, durante a efetuação do módulo de Práticas de Integração, Ensino, Serviço e Comunidade I (PIESC I). Foram observados, por esses discentes, uma alta prevalência de comorbidades como a HAS e o DM, principalmente em idosos, associado a uma dificuldade dos profissionais em saúde acompanhem a evolução da doença – o que levou à escolha do projeto em questão. Vale ressaltar que atendeu ainda a uma demanda solicitada pela enfermeira da ESF. Os cartões elaborados vão conter a identificação de cada paciente, a data de nascimento, o Cratão Nacional de Saúde (CNS), o número do Cadastro de Pessoa Física (CPF), o endereço, a microárea a qual aquele indivíduo pertence, o ACS responsável e as metas que devem ser alcançadas durante a condução da atividade. Ademais, devem estar organizados em tabelas que irão conter as datas, as medidas da pressão arterial e glicemia e o horário da aferição, sendo que esse acompanhamento deverá ser contínuo até que se atinja a meta estabelecida. Para melhor complemento do projeto, os cartões conterão, ainda, orientações básicas para garantir medidas corretas, que deverão ser tomadas pelo usuário antes de cada aferição, bem como: 1) Não consumir bebidas alcoólicas, café e nem fumar 30 minutos antes de aferir a pressão; 2) Esvaziar a bexiga antes da aferição; 3) Estar a pelo menos 2 horas em jejum. Por fim, em todo cartão será deixada uma mensagem de alerta: “Não interrompa sua medicação, sem recomendação médica”. É objetivado também realizar, junto à entrega dos cartões, uma roda de conversa entre os discentes e os profissionais de saúde para elucidar possíveis dúvidas quanto ao preenchimento e utilização. Além disso, serão prestadas orientações acerca da meta terapêutica de PA e da glicemia capilar, descrevendo de maneira clara e objetiva alguns dos parâmetros e orientações presentes nas diretrizes brasileiras. Ademais, serão trazidas junto destas, instruções acerca da necessidade de sequência de ação dos ACS frente ao acompanhamento dos pacientes, estabelecendo contato entre o primeiro, o médico e o profissional de enfermagem responsável pela Unidade de Saúde.

JULIÃO, N. A.; SOUZA, A.; GUIMARÃES, R. R. M.Tendências na prevalência de hipertensão arterial sistêmica e na utilização de serviços de saúde no Brasil ao longo de uma década (2008-2019). Ciência & Saúde Coletiva. v. 26, n. 09, pp. 4007-4019, 2021. MACINKO, J.; MENDONÇA, C. S. Estratégia Saúde da Família, um forte modelo de Atenção Primária à Saúde que traz resultados. Saude Debate; 42:18-37, 2018. SANTANA, J. F. C. L.; PIRES, J. V. A.; NASCIMENTO, K. M. L.; RODRIGUES, D. C.; VASCONCELOS, R. M. A. Hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus: uma abordagem desenvolvida pelo pet-saúde/interprofissionalidade. Revista Ciência e Estudos Acadêmicos De Medicina, 1(14), 2021. SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Rev Bras Hipertens 2017; 24(1): 1-90. SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes. São Paulo: Clannad; 2019-2020.

Será uma oportunidade de troca de conhecimentos entre os profissionais de saúde e os acadêmicos de curso de medicina através das atividades previstas e propostas.

Haverá a participação de profissionais de diversas profissições como Agentes Comunitários de Saúde, Técnicos em Enfermagem, Enfermeiros , promovendo a integração de práticas e saberes. Isto favorecerá que o acadêmico se torne adepto a atividades de caráter interdisciplinar e multidisciplinar, além da oferta de serviço amplo e diferenciado a população através desta ação conjunta.

A presente proposta está diretamente vinculada a atividades de ensino, a qual foi a inspiradora e direcionadora a demanda. Ao longo da atividades os alunos serão os principais desenvolvedores do trabalho, sendo os mentores da ideia e organizadores das atividades. Será ainda ofertado a eles diversos conhecimentos como os relacionados a organização de eventos, oratória, escrita de trabalhos científicos, além de maior conhecimentos sobre a situação abordada. Promoverá a aproximação da universidade com a população local.

Os graduandos serão os responsávies por todo o planejamento da ação e busca de recursos para a realização, o professor e demais participantes atuarão como suporte e orientação, sobretudo em atividades que os alunos ainda não estejam aptos a realizar. Espera-se que a experiência vivenciada favoreça o ganho de conhecimento sobre o assunto, aproxime o estudante do convívio com a equipe de saúde, consiga desenvolver habilidade de comunicação, integre os saberes científicos a prática profissional e aprimore a capacidade de trabalho em equipe.

Favorecerá um melhor acompanhamento dos níveis pressóricos e glicêmicos, contribuindo para resultados mais positivos no controle da HAS e do DM.

A divulgação será realizada através de visitas dos integrantes da ação à ESF, para convidadar e sensibilizar a participação dos profissionais à ação e adesão ao uso do cartão. Será realizada um encontro para a entrega dos cartões no dia 17/11/2022. O convite para partcipar será enviado via Whatssap de cada funcionário da ESF (enfermeiros, ACS e técnicos de enfermagem). O enfermeiro da ESF faz parte da equipe de organização e auxiliará na divulgação durante as reuniões de equipe na ESF.