Este projeto almeja implantar o ensino e o aperfeiçoamento dos jogos de xadrez de forma online, como instrumento pedagógico no processo de formação dos participantes de Diamantina e região. Ressaltamos que diversas áreas do saber exigem do aluno habilidades cognitivas de raciocínio lógico, de concentração, de pensamento abstrato e de criatividade, que são estimuladas com o desenvolvimento desse jogo. Conjuntamente a isso, objetivamos consolidar as ações do Clube de Xadrez da UFVJM.

Xadrez Básico; Clube de Xadrez; Educação

Este projeto procura destacar a utilização dos jogos de xadrez como instrumento pedagógico no processo de formação dos participantes dessa ação. Ressaltamos que o desenvolvimento desse jogo estimula diversas habilidades cognitivas de raciocínio lógico, de concentração, de pensamento abstrato e de criatividade. Explicamos que foi durante as Olimpíadas Universitárias da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em 2018, que um grupo de docentes, de diversos cursos da instituição, elaborou e apresentou a primeira versão de um projeto que estimulava a aprendizagem xadrez, denominado Xadrez nas Escolas e Clube de Xadrez UFVJM. Após a realização dos Jogos Olímpicos da UFVJM os participantes da modalidade Xadrez criaram um grupo para continuidade das atividades enxadrísticas. Nascia ali a primeira versão do projeto ligado ao xadrez, que foi registrado na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC) e executado durante final do ano 2018 e grande parte do ano 2019. Em 2021, fomos contemplados no projeto PIBEX 01201, número 2021101202184161, denominado “Xadrez nas Escolas – Criação de um Clube de Xadrez em Diamantina de forma remota e presencial”. E, em 2022, continuamos a desenvolver nossas ações através do projeto PIBEX 012022, número 20221012022496161, rebatizado com o nome “Xadrez nas Escolas e Clube de Xadrez UFVJM”. Como fruto dessas ações, no dia 08 de março de 2021, Dia Internacional da Mulher, inauguramos o Clube de Xadrez UFVJM. Atualmente, temos aproximadamente 140 pessoas inseridas nesse clube, que participam das discussões e estudos sobre o Xadrez. Relembrando que em 2020, dia 26 de fevereiro foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, uma doença com alto poder de contágio (PANDEMIA, 2020). A Organização Mundial da Saúde decretou em 11 de março de 2020 estado de Pandemia Mundial. Novas rotinas de prevenção foram adotadas. Consequentemente, esse projeto precisou se adequar ao Ensino Remoto (ER) em obediência e prevenção diante as novas medidas sanitárias. Assim, deixamos claro que já temos a experiência de desenvolver o ensino do Xadrez de forma online. Além disso, um fator que ajudará no desenvolvimento das ações propostas neste projeto foi a criação do Clube de Xadrez UFVJM, que é uma entidade sem fins lucrativos que procura estimular a prática do Xadrez nos diversos graus de ensino. Esse clube desenvolve oficinas, palestras e grupos de estudos, entre outras ações, relacionadas ao ensino, aperfeiçoamento e treinamento do Xadrez. Além de promover reflexões ligadas aos aspectos educacionais que envolvem essa prática esportiva.

Um primeiro a ser apresentado/problematizado refere-se à história do xadrez. Afinal, como foi o desenvolvimento desse jogo? Quais suas raízes? Explicamos que a história do xadrez tem origem controversa, mas é possível afirmar que o jogo foi inventado na Ásia. Atualmente, a versão amplamente difundida é a de que teria surgido na Índia com o nome de Chaturanga e dali se espalhou para a China, Rússia, Pérsia e Europa, onde se estabeleceram as regras atuais. Pesquisas recentes indicam uma possível origem na China do século III a.C., na região entre o Uzbequistão e a Pérsia antiga (atual Irã) (LASKER, 1999 e MURRAY, 1913). Um dos primeiros registros literários sobre o xadrez é o poema persa Karnamak escrito no século VI, e, a partir desta época, sua evolução é mais bem documentada e amplamente aceita no meio acadêmico. Após a conquista da Pérsia pelos árabes, estes assimilaram o jogo e o difundiram no ocidente levando-o ao norte da África e Europa e até as atuais Espanha e Itália por volta do século X, de onde se expandiu para o resto do continente chegando até a região da Escandinávia e Islândia. No oriente, o xadrez se expandiu a partir da sua versão chinesa, o Xiangqi, para a Coreia e Japão no século X (LASKER, 1999 e MURRAY, 1913). Por volta do século XV o jogo estava amplamente difundido pela Europa e, dentre as variantes existentes do jogo, a europeia foi a que mais se destacou devido à rapidez proporcionada pela inclusão da Dama e do Bispo. Apesar de já existir literatura anterior sobre o xadrez na época, foi neste período que começaram a surgir as primeiras análises de aberturas em virtude das novas possibilidades do jogo (LASKER, 1999 e MURRAY, 1913). As partidas começaram a ser registradas com maior frequência e mais estudos da teoria do xadrez foram publicados. No século XVIII foram fundados os primeiros clubes para a prática do xadrez e federações esportivas na Europa se ampliaram. Em decorrência do grande número de torneios acontecendo por todo o continente Europeu, em 1851 foi realizado o primeiro torneio internacional em Londres. A popularidade das competições internacionais levou à criação do título de campeão mundial, vencido por Wilhelm Steinitz em 1886, e, em 1924, foi fundada a Federação Internacional de Xadrez (FIDE), em Paris, que organizou a primeira Olimpíada de Xadrez e o mundial feminino, vencido por Vera Menchik (LASKER, 1999 e MURRAY, 1913). Já no Brasil, durante o século XIX, em 1880 ocorre o primeiro torneio de xadrez com a participação de Machado de Assis, Arthur Napoleão (grande divulgador e pioneiro do jogo no Brasil), João Caldas Viana Filho, visconde de Pirapitinga (o primeiro grande enxadrista brasileiro e provavelmente o maior jogador surgido no Brasil até 1930), Charles Pradez (suíço que residiu alguns anos no Rio de Janeiro), Joaquim Navarro e Vitoriano Palhares (MATHIAS, 2020). Em nosso país, os campeonatos nacionais ocorrem desde 1927, sendo que o primeiro campeão foi Souza Mendes em campeonato disputado no Rio de Janeiro. O primeiro campeonato brasileiro feminino ocorreu em 1960 na cidade de Brusque e a primeira campeã foi Dora Rúbio (MATHIAS, 2020). Após esse breve relato histórico, perguntamo-nos quais relações podemos estabelecer entre o jogo de xadrez e a educação? Nesse sentido, compreendemos que a educação tem a missão de contribuir para formar um cidadão crítico e não somente preparar os alunos para o mercado de trabalho. Sendo assim, a educação deve fornecer condições para o desenvolvimento desse pensar mais questionador por parte dos discentes, que eles compreendam as relações de poder que permeiam nossa sociedade, que desenvolvam sua criatividade e consigam se adaptar às diferentes situações de uma sociedade, que desenvolvam seu raciocínio lógico e o poder de abstração, dito de uma forma popular, pode-se dizer que o aluno deve sair da escola “sabendo pensar” (SANTOS, 2009). É exatamente nessas possibilidades de estimular o raciocínio lógico, a abstração, o cálculo e outras questões que o xadrez é muito bem-vindo. A abstração requisitada nas ciências exatas, por exemplo, é grandemente desenvolvida no jogo de xadrez. Essa abstração é a capacidade de desenvolver as ideias mentalmente, antes de passá-las a um plano material. O cálculo no xadrez é a capacidade de mentalizar as suas jogadas e as do adversário, construindo uma ramificação de possibilidades (SANTOS, 2009). Desta forma, o xadrez pode ser uma ferramenta poderosa e diferencial para aumentar o rendimento nos diversos graus de ensino, pois estimula a memória, o raciocínio lógico, a imaginação, a atenção, o pensamento abstrato e outras questões que favorecem a aprendizagem dos alunos (SANTOS, 2009; REZENDE, 2005). Além disso, o xadrez apresenta aspectos ligados ao ensino das ciências e ao mesmo tempo é uma arte e um jogo. Evidenciamos que é um jogo de estratégia e a introdução desses jogos pode ser usado como uma ferramenta no ensino de Matemática, abordando desde premissas de elementos matemáticos básicos bem como conteúdos complexos da disciplina (BUENO JÚNIOR, 2017). Com isso, esperamos ter demonstrado uma parte da relevância do ensino do “Xadrez Básico”. Além dessa ligação com as ciências exatas, ao ser abordado como um jogo, como uma arte e até mesmo como um esporte, o xadrez aproxima-se de outros campos do saber, por exemplo, a Educação Física (EF). Atualmente, a Educação Física constitui-se em uma área interdisciplinar que busca em diversas matrizes científicas subsídios para organizar sua prática (EDFIS, 2020). Relativo a esse ponto, evidenciamos que os professores que participarão deste projeto, caso seja aprovado, pertencem a cursos e áreas distintas do saber, o que ajudará a promover a interdisciplinaridade e a organizar pedagogicamente esse conhecimento. Um fator que ajuda na formação dessa equipe multidisciplinar, mas que atua de forma interdisciplinar, foi a criação do Clube de Xadrez UFVJM, que agrega alunos, técnicos administrativos, professores e comunidade em um espaço destinado a promover o ensino do xadrez. É um clube sem fins lucrativos, mas preocupado com as questões educacionais envolvidas no ensino e no jogo do xadrez, independente do sexo, da raça, da orientação sexual, da classe e de quaisquer outras questões excludentes. Afinal, uma característica desse jogo é poder agregar as pessoas em sua diversidade. Outra possibilidade de ação estimulada pelo Clube de Xadrez envolve as pesquisas que podem se originar como resultado da aplicação deste projeto. Por exemplo, poderemos buscar compreender alguns dos efeitos do incremento dos jogos de xadrez nos participantes do projeto, caso seja aprovado. Portanto, esperamos ter justificado, de forma objetiva, a relevância desta proposta.

Geral • Ensinar e aperfeiçoar o jogo de Xadrez de forma online para os interessados de Diamantina e região. Específicos • Ampliar e consolidar a participação da comunidade no Clube de Xadrez UFVJM; • Formar uma equipe apta a jogar xadrez; • Ofertar cursos de forma remota para a comunidade através da plataforma lichess.org ; • Realizar eventos e campeonatos enxadrísticos diversos.

As ações deste projeto atenderão diversos sujeitos de Diamantina e das cidades próximas. O projeto tem como público alvo crianças, jovens, adultos e idosos das cidades da nossa região. Estimular o desenvolvimento do jogo de Xadrez entre a comunidade, além de criar uma equipe de jogadores desse esporte. Além disso, almeja-se consolidar o Clube de Xadrez UFVJM com uma rotina de jogos, estudos, oficinas e palestras. Atendendo diretamente a comunidade de Diamantina e região. Estimamos atingir um público de 100 (cem) pessoas durante os cinco meses de atividade com as ações deste projeto.

A proposta deste projeto se relaciona com a oferta de dois cursos interligados de trinta (30) horas relacionadas ao ensino e aperfeiçoamento do jogo de Xadrez. Esses cursos ocorrerão da seguinte forma: Curso 1 – Ensino do Xadrez (30 horas): será um curso básico para aqueles que pretendem aprender a essência desse jogo, como: Conceitos básicos do jogo de Xadrez; Regras: tabuleiro, peças, movimentos e capturas; xeque e xeque-mate; empates; Princípios gerais: na abertura, no meio jogo e no final; Temas Táticos; História do Xadrez; Xadrez e Educação. Curso 2 – Aperfeiçoamento do Xadrez (30 horas): como o nome explicita, o objetivo será o aperfeiçoamento e o aprofundamento das teorias ligadas ao Xadrez. No qual abordaremos aspectos ligados aos temas táticos, aos estudos avançados de abertura, meio jogo e finais, entrevistas com jogadores profissionais de xadrez, campeonatos, jogos com outros clubes de xadrez e organização do Clube de Xadrez UFVJM. Durante a execução das oficinas e palestras serão aplicados questionários estruturados para avaliação do desempenho dos oficineiros e do impacto gerado pela nossa intervenção. Serão gerados pelo grupo, relatórios mensais para comporem o relatório final e para estruturar possíveis adaptações do projeto. Para o desenvolvimento dessas oficinas, utilizaremos um website especializado em jogos de xadrez, referimo-nos ao “lichess.org”. Nesse site, qualquer pessoa pode jogar de forma gratuita, pois seus serviços são financiados por doações. Talvez seja o website mais utilizado no mundo para os jogos de xadrez e atenderá plenamente as propostas aqui apresentadas.

BUENO JÚNIOR, Jair Antônio. O tabuleiro de xadrez no ensino de matemática. 2017. 56f. Dissertação (Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica) – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas, 2017. EDFIS – Educação Física. Disponível em: < http://portal.ufvjm.edu.br/a-universidade/cursos/efs>. Acesso em 20 out. 2020. LASKER. Lasker, Edward (1999). História do xadrez. 2ª ed. São Paulo: IBRASA. ISBN 85-348-0056-1. MATHIAS, Herculano Gomes. "Machado de Assis e o jogo de xadrez" In: Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, vol. 13, 1952-1964. Disponível em: < http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=mhn&pagfis=13004>. Acesso em 20 out. 2020. MURRAY, H.J.R. (1913). A History of Chess (em inglês) 1ª ed. Oxford: Clarendon Press. ISBN 0936317019. PANDEMIA – Ministério da Saúde Brasil. Disponível em: < https://www.gov.br/saude/pt-br#:~:text=Desta%20forma%2C%20o%20primeiro%20caso,divulgado%20pelo%20Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde>. Acesso em 20 out. 2020. REZENDE, Sylvio. Xadrez pré-escolar: uma abordagem pedagógica. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2005. SANTOS, Marcel Silveira dos. A abstratividade das ciências químicas, físicas e matemáticas: o xadrez como auxílio no desenvolvimento das habilidades cognitivas. Saber Científico, Porto Velho, 2 (2): 63 - 79, jul./dez.,2009.

As ações do projeto incentivarão o diálogo e a construção coletiva das propostas que serão desenvolvidas entre os participantes. Assim, aqueles que participarem serão incentivados a explicitar sua visão e conhecimento sobre o jogo de xadrez e as diversas possibilidades de aplicação desse esporte. A ação pretende contribuir para a produção de conhecimentos enxadrísticos, com o desenvolvimento de habilidades que estimulem diversas áreas do saber.

O jogo de xadrez pode ser uma ferramenta poderosa, diferenciada e lúdica que contribui para aumentar o rendimento escolar/acadêmico, pois estimula a memória, o raciocínio lógico, a imaginação, a atenção, o pensamento abstrato e outras questões que favorecem a aprendizagem daqueles que o vivenciam (SANTOS, 2009; REZENDE, 2005). Sendo assim, esse jogo se torna objeto de interesse de diversas áreas do conhecimento e isso reverbera entre os membros que comporão esta equipe, ou seja, no projeto contaremos com professores/alunos/funcionários de diversos departamentos da UFVJM. Assim, teremos uma equipe multidisciplinar, mas que atua de forma interdisciplinar. Concluindo, o Xadrez é um esporte inclusivo e que propicia essa interdisciplinaridade e interprofissionalidade.

Conforme explicitado, o jogo do Xadrez estimula a interdisciplinaridade. Além disso, as ações do projeto procurarão incentivar a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão. Exemplificando, desenvolveremos uma oficina aberta aos alunos da graduação na qual objetivaremos várias questões, a saber: • Apresentar e ensinar o jogo de Xadrez aos discentes; • Possibilitar a aquisição das noções básicas e regras elementares do jogo de Xadrez; • Mostrar as fases de uma partida: abertura, meio jogo e final; • Analisar partidas e problemas táticos e estratégicos; • Estudar aspectos históricos e sociais do jogo de Xadrez; • Discutir questões educacionais do jogo de Xadrez. Outra ação estimulada pelo projeto será a possibilidade de desenvolvermos pesquisas ligadas ao campo do Xadrez, por exemplo, isso pode ser o tema de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos interessados em aprofundar o conhecimento nessa área.

Conforme explicitado, o jogo de Xadrez estimula diversas habilidades/competências que são valorizadas nos diversos campos do saber. Além desses aspectos cognitivos, ao desenvolver as oficinas estimular-se-á entre os participantes a questão da oratória, da autonomia e da capacidade de ministrar aulas, ou seja, o discente também terá que aprender a ensinar o jogo e não somente jogar. O estudante terá papel ativo nas ações desenvolvidas no projeto. Procuramos estimular a iniciativa, o trabalho em grupo e a liderança dos envolvidos. Além disso, teremos reuniões semanais nas quais, coletivamente, discutiremos, planejaremos e avaliaremos as atividades desenvolvidas.

O Xadrez, quando agregado as questões de transformação social, é muito mais que um jogo de aspectos cognitivos, pois estimula trabalhar valores como respeito, honestidade e cooperação, além de incentivar a socialização entre os participantes. Esses aspectos permearão este projeto, caso seja aprovado, visto que estamos/estaremos preocupados com as questões educacionais envolvidas no ensino do jogo de xadrez. Outra questão importante de relatar se refere ao fato desse jogo estimular a inclusão de todos(as), visto que não há discriminação relativa ao sexo, raça, orientação sexual, classe e de quaisquer outras questões excludentes. Em suma, procuraremos agregar as pessoas, em sua diversidade, nas ações desenvolvidas.

A divulgação ocorrerá através das mídias sociais, por exemplo, divulgaremos nos diversos clubes de xadrez de Minas Gerais que fazem parte de nossa relação de grupo de whatsapp. Enviaremos e-mail para os alunos e funcionários da UFVJM.

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