Visitante
HISTÓRIAS EM REDES: CRIANDO UMA NUVEM DE HISTÓRIAS
Sobre a Ação
202104000103
042021 - Programa
Programa
RECOMENDADA
:
EM ANDAMENTO - Normal
01/09/2023
01/09/2024
Dados do Coordenador
vitoria azevedo da fonseca
Caracterização da Ação
Ciências Humanas
Educação
Comunicação
Patrimônio cultural, histórico, natural e imaterial
Municipal
Não
Sim
Fora do campus
Integral
Sim
Membros
Histórias em Redes é um projeto integrador que visa a criação de uma nuvem de histórias sobre Diamantina com materiais audiovisuais, imagens, fotografias, mapas, áudios, textos, referências, acessíveis a partir de dispositivos digitais móveis através de roteiros turísticos históricos urbanas a serem elaborados a partir de temáticas relevantes e interessantes identificadas por pesquisas desenvolvidas no âmbito deste Programa, que envolve subprojetos de pesquisa, extensão e culturais.
História Pública. Roteiro Turístico. História Local.
As diversas ferramentas digitais disponíveis por meio de aplicativos de smartphones, de websites, mecanismos de buscas, redes sociais, etc, contribuem para um processo de circulação de dados cada dia mais intenso. Dentre as áreas que se “beneficiam” dessas ferramentas é a área educacional considerando o potencial representado por elas. No entanto, se por um lado, as ferramentas de disseminação de informações estão cada vez mais sofisticadas, o mesmo não pode ser dito sobre a qualidade das informações difundidas e a qualidade da formação de autonomia cognitiva promovida. No que diz respeito à aprendizagem histórica, que envolve a capacidade de analisar, na temporalidade e na historicidade, os eventos e acontecimentos que permeiam a vida prática a partir de um viés perspectivado, e que, portanto, configuraria na construção de um pensamento histórico, as pesquisas sobre o nível dessa aprendizagem apontam para muitas defasagens e a necessidade de melhoria na qualidade da educação escolar. No entanto, considerando que o processo educacional de um indivíduo não ocorre apenas nas horas diárias que permanece no espaço escolar, e que esse processo se estende para outras facetas da vida, existem indícios sobre a necessidade de ampliar a aprendizagem histórica saindo dos espaços escolares para os espaços públicos. Podemos associar essa aprendizagem extramuros à construção de uma cultura histórica cujo processo, obviamente, não pode ser controlado, mas, pode ser enriquecido com ações de intervenções. Historiadores cujas preocupações se voltam para um público mais amplo do que o público acadêmico, com preocupação de difusão de informações, conceitos e formas de pensar tem encontrado aportes teóricos importantes na área da “história pública”. O termo “história pública”, que vem sendo empregado no Brasil há menos de uma década, mas usado em outros países desde a década de 1970 vem se configurando como campo de pesquisa a partir da criação da Rede Brasileira de História Pública (RBHP), em 2012, da organização do Simpósio Internacional de História Pública (1º em São Paulo, 2012; 2º no Rio de Janeiro, em 2014, o 3º, em Cariri, em 2016 e o 4º, em 2018, em São Paulo), que colabora na disseminação de textos, dossiês, cursos, com diversas abordagens e diversas possibilidades de interpretações, dentro de alguns limites.Conforme a apresentação do livro História Pública no Brasil sentidos e itinerários, os autores Ana Maria Mauad, Juniele Almeida e Ricardo Santhiago, refletem sobre os usos e as possibilidades do termo “história pública” na atualidade. "Seguindo a fórmula sob a qual o termo public history (com suas diversas traduções se consagrou, tendemos em um primeiro momento a compreender a história pública como uma prática eminentemente voltada àquela ‘divulgação histórica’ (...) e, de fato, a produção de materiais para circulação e consumo de uma audiência mais ampla do que nossos pares acadêmicos consiste em uma de suas modalidades mais nobres. Entretanto, os sentidos atribuídos à história pública contemplam também os engajamentos (muitas vezes conflituosos, mas ainda assim instigantes) entre o historiador e a produção acadêmica, de um lado, e os diletantes e seus trabalhos que respondem a demandas próximas e imediatas, de outro. Aqui, a história pública age no reconhecimento da legitimidade desses trabalhos tidos como ‘amadores’, bem como no delineamento das diferenças entre as duas práticas; ou então em uma atuação colaborativa, na qual os diferentes agentes produtores trabalham dialogicamente (MAUAD, ALMEIDA, SANTHIAGO, 2016, p.12)." A multiplicidade de sentidos da história pública traz, assim, a ideia da preocupação com o rompimento de barreiras entre o espaço acadêmico de produção historiográfica e o contato com um público não acadêmico. Conforme os autores citados, em um viés das preocupações em torno da chamada história pública, está inserida uma possibilidade colaborativa entre o que se produz no contexto acadêmico em termos de conhecimento histórico e a produção de conhecimento sobre o passado fora deste contexto. Mais recentemente, na confluência das preocupações das difusões de informações sobre o passado que constroem visões sobre o mesmo, e, por sua vez, orientações temporais e tomadas de decisões no presente, emergem preocupações advindas da chamada “Didática da História”, preocupada com esse processo de circulação de imagens do passado, bem como da chamada “História Pública”, com preocupações semelhantes. A Didática da História, uma noção ampliada da Didática de Comenius, é, segundo Klaus Bergman, ".. uma disciplina que pesquisa a elaboração da História e sua recepção, que é a formação de uma consciência histórica, que se dá num contexto social e histórico e é conduzida por terceiros, intencionalmente ou não. Informações históricas são assimiladas a partir da: a) história vivida e experimentada no seu devir todos os dias; b) história não experimentada nem vivida imediatamente, ou seja, transmitida, cientificamente ou não; c) história apresentada pela Ciência Histórica como uma disciplina específica, com suas problemáticas..." (BERGMANN, 1990, p.30)" Na mesma direção, Jörn Rüsen amplia e convoca a pensar sobre as consciências históricas produzidas para além dos bancos escolares e universitários. "...as perspectivas da didática da história foram grandemente expandidas, indo além de considerar apenas os problemas de ensino e aprendizado na escola. A didática da história analisa agora todas as formas e funções do raciocínio e conhecimento histórico na vida cotidiana, prática. Isso inclui o papel da história na opinião pública e as representações nos meios de comunicação de massa; ela considera as possibilidades e limites das representações históricas em museus e explora diversos campos onde os historiadores equipados com essa visão podem trabalhar." (RUSEN, 2010, p.32)" Considerando as preocupações com a difusão de informações a um público mais amplo, e, para além disso, a necessidade de compartilhar ferramentas de construção de conhecimentos embasados em parâmetros básicos de verificação e evidenciação, diversas iniciativas são realizadas a partir do uso de ferramentas digitais. "Historiadores públicos têm desenvolvido exposições e coleções arquivísticas anotadas online, podcasts para caminhadas em tours históricos, mapas interativos e um leque de outros materiais digitais orientados para o público. Todas essas modalidades têm aumentado enormemente o acesso e ampliado audiências em escala verdadeiramente global. Ferramentas digitais também estão abrindo possibilidades para a exploração criativa, não linear, de verdadeiras massas de material, permitindo que as pessoas desenvolvam caminhos pessoais através deles. (SHOPES, 2016, p.83)" Assim, aliando o debate em torno da história pública, como algo legítimo e desejável em termos historiográficos, os debates em torno da Didática da História, que caminham no mesmo sentido, e as ferramentas digitais disponíveis e suas possibilidades que propomos este projeto de difusão de informações sobre a história local.
A cidade de Diamantina, cujo título de Patrimônio Cultural da Humanidade, conquistado em 1999, completou 20 anos em 2019, é uma cidade turística, visitada por pessoas de diversos estados e países que conserva, em seu centro histórico e adjacências, parte de um traçado urbano colonial e casarios igualmente importantes tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). No entanto, como qualquer outra cidade, Diamantina se configurou a partir da exclusão de espaços e populações, e, como cidade turística, investe em ações voltadas para o público externo, gerador de parte da renda que circula pela cidade. Desta forma, como qualquer outra cidade, as configurações espaciais carregam contradições sociais e econômicas e promove distanciamentos no tempo e no espaço. Tendo como referência ações e conceitos da “história pública” e da “didática da história”, investir no espaço urbano como espaço de interação e aprendizado histórico seria possibilitar outras formas de aprendizado para além do espaço escolar, envolvendo temas e problemas da história local, que normalmente é mais significativo para crianças e jovens. Por outro lado, utilizar ferramentas digitais que rompam barreiras espaciais e temporais para uma experiência turística pode promover experiências imersivas mais empáticas e interessantes para o visitante. A partir de pesquisas desenvolvidas pela proponente na área de ensino de história e usos de audiovisuais no ensino, bem como projetos de extensão nas comunidades do município de Diamantina, este projeto propõe trazer para o espaço público conhecimentos acadêmicos e não-acadêmicos desenvolvidos também nos espaços escolares e vice-versa, propondo uma ampliação da experiência histórica e promovendo uma integração de diferentes áreas da cidade. A proposta do projeto Histórias em Redes de divulgação e de proposição de narrativas interligadas sobre a experiência temporal deste espaço urbano a partir de Rotas históricas urbanas e ferramentas digitais pretende promover interações educacionais e cidadãs, bem como desenvolver um produto histórico turístico piloto que potencialize a experiência de imersão na cidade de Diamantina, em uma fase experimental inicialmente, com possibilidades de desenvolvimento do produto através de financiamento externo.
O objetivo do projeto é mapear as narrativas das histórias da cidade de Diamantina, no espaço acadêmico e não acadêmicos, para elaboração de ferramentas piloto de reunião e divulgação de uma história pública da cidade através de produtos digitais para o público externo e interno à cidade. A metodologia envolve o mapeamento bibliográfico, com levantamento em bases de dados sobre as temáticas abordadas em diferentes estudos sobre a história, memória e patrimônio de Diamantina, bem como o mapeamento de tradições orais do mesmo tema. Envolve o mapeamento da circulação nos espaços públicos da cidade e as relações estabelecidas com estes espaços. O Programa pretende desenvolver produtos digitais que promovam acessos públicos às diferentes narrativas construídas e sistematizadas no âmbito do projeto via website, exposições públicas, QRcodes para acesso aos materiais, minidocumentários, aplicativo para produção de materiais a partir do público e rotas turísticas, todos em formato experimental, inicialmente. O projeto prevê propostas de manutenção e alimentação desses produtos, bem como aprimoramento, nas quais, dependendo da viabilidade, será necessário financiamento externo. Na elaboração das narrativas públicas, o projeto terá como objetivo relacionar, simbolicamente ou tematicamente, diferentes espaços da cidade, através de narrativas coerentes, simples e bem embasadas, de fácil acesso e compreensão de uma ampla parcela da população diamantinense, ou turística. O mesmo prevê subdivisão em subprojetos para sua execução, podendo envolver pesquisas de mestrado, projetos de extensão e projetos de formação continuada.
1. Reunir narrativas histórias e memórias sobre Diamantina. 2. Disponibilizar os materiais pesquisados em Website (www.historiasemredes.com) 3. Construir Rotas Históricas Urbanas com acesso aos materiais produzidos na nuvem. 4. Produzir materiais audiovisuais, podcast, etc específicos para o programa e disponibilizar online. 5. Criar QRCodes para acesso aos materiais produzidos. 6. Implementar e desenvolver atividades nas escolas para divulgação dos produtos. 7. Fazer a manutenção e ampliação do projeto a partir de subprojetos e parcerias externas.
Para a execução deste projeto será necessário vincular a ele subprojetos para desenvolvimento das etapas abaixo. Esses subprojetos poderão executar parcialmente ou integralmente cada etapa, podendo desenvolver metodologias próprias, tais como produção de cartografias, história oral, grupos focais, levantamento bibliográficos, etc. O projeto será dividido em três fases, sendo a primeira de mapeamentos, a segunda de produção de materiais e a terceira de manutenção, todas subdivididas em etapas, quais sejam: FASE 1: MAPEAMENTOS 1. Etapa A: Levantamento Bibliográfico da produção acadêmica sobre Diamantina e criação de website O Levantamento bibliográfico enfocará o mapeamento da produção bibliográfica sobre a história da cidade e temáticas afins, principalmente ligada à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, com identificação das temáticas abordadas e verificação do potencial de interesse público das informações. Esse levantamento será agrupado em subitens temáticos, cujas informações e links de acesso serão disponibilizados em um website de maneira que possa agregar e disponibilizar a um público maior o acesso facilitado a esta produção acadêmica de conhecimento sobre a história local. Esse levantamento não estará restrito à produção acadêmica, podendo abarcar produtos escritos elaborados em outros âmbitos, tais como relatórios ligados à questão patrimonial. O website, inicialmente, será elaborado a partir de ferramentas gratuitas disponíveis na internet, com posterior possibilidade de construção de um website definitivo com previsão de manutenção e autogestão por parte de equipe criada para este fim. 2. Etapa B: Mapeamento de narrativas e tradições orais sobre a cidade no âmbito educacional. A etapa B terá como foco um trabalho desenvolvido nos espaços escolares, de preferência envolvendo os professores de História da cidade de Diamantina, a partir dos quais será possível levantar histórias da cidade narradas por alunos a partir de tradições familiares. Desta maneira, as atividades desenvolvidas nesta etapa buscará ser atividades formativas, com aplicação de metodologia de história oral aplicada à educação. Espera-se, ao final desta etapa, identificar narrativas vivas sobre a cidade, consideradas relevantes pois transmitida em âmbitos familiares às novas gerações. Essa reunião de histórias, seja em forma de vídeos, caso seja possível implementar o projeto citado acima nas variadas escolas, deverá ser disponibilizado em website para compor uma outra faceta das narrativas sobre o passado. Um subprojeto que abarque esta etapa poderá selecionar escolas em espaços variados da cidade de maneira que possam configurar uma mostra significativa dos espaços. Outra possibilidade é construir grupos focais nos bairros, ou comunidades, para mapeamento dessas histórias. 3. Etapa C: Mapeamento de narrativas orais e tradições em grupos da cidade Nesta etapa, que poderá ser desenvolvida a partir de um subprojeto, terá como foco os diferentes grupos organizados da cidade, tais como grupos religiosos, irmandades, grupos culturais, fazendo um levantamento de suas narrativas sobre a história do respectivo grupo a partir de referenciais internos. FASE 2: PRODUÇÃO/MANUTENÇÃO DE MATERIAIS 4. Etapa D: Elaboração e lançamento de website piloto Elaboração e lançamento de website com as informações sistematizadas e recolhidas na fase 1. O formato e acesso dependerá das condições materiais e o volume e tipo de informações recolhidas nas etapas anteriores. 5. Etapa E: Criação de Rotas Históricas Urbanas A criação de acesso a materiais pilotos a partir de Rotas incluirá a identificação de uma temática a ser abordada, os locais a serem disponibilizados, a produção de materiais acessíveis para uma parcela mais ampla da população, considerando o formato amigável para celulares, smartphones e tablets. A criação de um, ou mais acessos, com QRcode poderá ser desenvolvido em subprojeto específico pois envolve a produção de um produto particular, trabalhando de maneira individualizada para que a experiência do acesso possa ser significativa. Desta maneira, a metodologia para construção das Rotas será desenvolvida e aprimorada a cada criação. Etapas da criação das Rotas 1.Identificação da temática/problemática. 2. Escolha dos locais e materiais a serem produzidos para o espaço público. 3. Desenvolvimento do acesso e instalação no local. 4. Teste da experiência 5. Ajustes 6. Lançamento e feedback 7. Manutenção FASE 3: AVALIAÇÃO, MANUTENÇÃO E REPLICAÇÃO 6. Avaliação e teste Os produtos desenvolvidos passarão por uma fase de teste para possíveis ajustes com participação de diferentes grupos, em diferentes situações. 7. Replicação Depois de realizados ajustes nos produtos desenvolvidos, o processo poderá ser novamente iniciado a partir de outras demandas, buscando o aprimoramento da proposta e ampliando as temáticas tratadas.
BERGMANN, K. "A História na reflexão didática" in: Revista Brasileira de História, v.9/n.19, p.29- 42, 1990 FRISCH, Michael. A história pública não é uma via de mão única, ou, de A Shared Authority à cozinha digital, e vice-versa. In: MAUAD, Ana Maria; ALMEIDA, Juniele Rabêlo de; SANTHIAGO, Ricardo (organizadores). História Pública no Brasil: Sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e Voz, 2016. pp.57-70 GOODWIN JÚNIOR, James William. Cidades de papel: imprensa, progresso e tradição: Diamantina e Juiz de Fora, MG (1884-1914). Belo Horizonte: Fino Traço, 2015 MAUAD, A.M.; ALMEIDA, J.R.; SANTHIAGO, R. História pública no Brasil: Sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e voz, 2016 MENDES, Janaina. Estudantes de diamantina e o acesso aos seus “patrimônios”. TCC, UFVJM, 2019. Orientação: Vitória A. Fonseca RÜSEN, J. Jörn Rüsen e o ensino de história. Curitiba, UFPR, 2010. SCHMIDT, M.A., CAINELLI, M. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009 SHOPES, Linda. A evolução do relacionamento entre história oral e história pública. In: MAUAD, A.M.; ALMEIDA, J.R.; SANTHIAGO, R. História pública no Brasil: Sentidos e itinerários. São Paulo: Letra e voz, 2016, p.71-84
A partir de uma compreensão de que fazer Extensão é considera-la como também um processo educativo e cultural, que articula ensino e pesquisa, e viabiliza uma relação entre a Universidade e a Sociedade de forma transformadora, o Projeto Histórias em Redes se constitui fortemente a partir desta compreensão. Assim, quando propõe sistematizar a produção bibliográfica e acadêmica sobre a história e cultura diamantinenses, e os saberes de memórias de jovens e adultos moradores da região, e, a partir disso, propõe uma sistematização desses saberes conjugados em rotas percorríveis no espaço urbano, o projeto compreende que a “produção do conhecimento via extensão se faz na troca de saberes sistematizado, acadêmico e popular, que, por sua vez, possibilita a democratização do conhecimento com a participação da comunidade.” (Consepe, Res.6/2009, p.3) O processo de sistematização dos saberes de memórias da população de Diamantina se dará a partir de entrevistas para programas de podcast que serão disponibilizados em plataformas específicas, nos quais serão possíveis tanto disponibilizar para a própria comunidade o compartilhamento de suas memórias e criar um ambiente de interlocuções entre os sujeitos durante a própria execução do projeto, caracterizando assim uma construção que não fica restrita aos envolvidos diretamente no projeto, seja ouvindo as memórias já narradas, seja compartilhando ideias via as redes sociais do projeto, seja em interação com os próprios bolsistas/pesquisadores, e outras formas de interação, e, construindo, ao longo do projeto, uma troca de saberes que certamente irá enriquecer o projeto como um todo. Essa produção de memórias em podcast será, a princípio, dividida em dois subprojetos, um voltado para o público estudantil/juvenil e outro voltado para o público adulto, intitulado Vozes Diamantinenses, em parceria com o projeto Vozes da História, coordenado pelo Prof. Dr. Rogério Pereira Arruda.
Dentre as diretrizes para a extensão universitária, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; impacto e transformação social; interação social e interdisciplinaridade; o Programa Histórias em Redes atuação como um projeto integrado que agrega diferentes saberes, profissionais e segmentos da universidade e da comunidade de Diamantina. Este programa pode ser inserido nas prioridades dos objetivos apresentados no PNE, conforme Resolução 06/2009, qual seja, os processos educacionais e também como possibilidade de geração de renda e emprego. Estimula atividades cuja elaboração requer práticas interdisciplinares, tem como base a utilização de tecnologias digitais para ampliar as possibilidades educacionais, bem como valoriza impreterivelmente, o patrimônio cultural, artístico e histórico de Diamantina e do país considerando ser um projeto de cunho de divulgação histórica e história pública da região. Atuará, junto aos órgãos públicos, para implementação de produtos turísticos com suas propostas de rotas históricas urbanas e a disponibilização de saberes, de forma sistematizada e colaborativa, ao alcance das mãos a partir dos dispositivos móveis.
Através das Unidades Curriculares às quais este projeto estará vinculado, principalmente Laboratório de Ensino de História: Metodologias e Tecnologias do Ensino de História, os estudantes do curso de Licenciatura em História estarão envolvidos diretamente no processo de intermediação entre os saberes da experiência e os saberes acadêmicos. Além disso, estarão intermediando e ressignificando a produção de conhecimento histórico a partir das necessidades reais, tendo como base as ideias de Jörn Rüsen (2010) que afirma a importância do conhecimento histórico para dar sentido à vida, a partir de necessidades que partem da vida prática. Assim, este projeto propõe o que defende as diretrizes sobre extensão que considera a relação entre “ensino e extensão, quando compreende-se que o aprendizado se constrói na experiência, tendo discentes como sujeitos do ato de aprender; e a extensão, enquanto tal, propõe-se a interagir com a sociedade, sendo elemento essencial para operacionalizar a relação teoria e prática.” (Consepe, Res.6/2009, p.4).
O Projeto Histórias em Redes atuará também na formação dos licenciandos, principalmente do Curso de Licenciatura em História, mas está aberto aos discentes de outros cursos, a partir da compreensão da importância de incluir o espaço público e o público na construção historiográfica, tanto do ponto de vista educacional formal, quanto do ponto de vista das ideias da História Pública e Didática da História, já referenciadas neste projeto, que compreendem como fundamental a democratização do conhecimento histórico sob pena de perder a sua função social. O Programa conta com a participação de discentes voluntários, discentes em sua equipe de organização e discentes que poderão ser bolsistas a partir de subprojetos de extensão e pesquisa. Assim, desta forma, Histórias em Redes atuará na formação de um profissional cidadão na qual “é imprescindível a sua interação na e com a comunidade. Na interação ele se identifica culturalmente, se sensibiliza com os problemas reais e pode referenciar sua formação técnica e acadêmica pela realidade concreta.” (Consepe, Res.6/2009, p.4). O projeto, desta forma, reconhece e propõe que “a extensão universitária se coloca, além de uma atividade acadêmica, uma concepção de universidade cidadã.” (Consepe resolução 06/2009 p4)
Considerando os objetivos específicos da UFVJM, este projeto aprofundará as relações entre a universidade, por meio do curso de História e da Faculdade Interdisciplinar em Humanidades, com a população diamantinense, com setores econômicos ligados ao turismo, e com as redes estadual e municipal. O Programa Histórias em Redes atuará junto ao setor educacional e turístico, implementando produtos que poderão ser fruídos por diversas parcelas sociais. O viajante turista terá acesso a dimensões da experiência na cidade de Diamantina não visíveis e não dizíveis em seu tempo de permanência e passagem pela cidade através de narrativas visuais, audiovisuais, textuais e audíveis acessíveis através de dispositivos móveis com uma variedade de caminhos possíveis a partir de seus interesses pessoais. O estudante poderá experimentar o caminhar turístico pela própria cidade, podendo aprender sobre o passado de forma interativa e lúdica. Além disso, terá acesso a produtos realizados a partir de sua própria realidade considerando que parte dos materiais serão produzidos com a colaboração das comunidades escolares. Nesse sentido, o Programa Histórias em Redes atende às necessidades locais tanto do viés turístico, considerando a inexistência desse tipo de proposta na cidade, bem como às necessidades educacionais da aprendizagem da história do lugar. Este Programa prevê também a sua expansão a partir da criação de ações e produtos culturais que serão submetidos às Leis de Incentivo à cultura, tais como a produção audiovisual e exposições fotográficas.
Em termos de divulgação, considerando a própria natureza do Programa, ele em si, quando implementado, será sua divulgação além da sua inserção em redes sociais, com referências e parcerias, bem como com hashtags ligadas às rotas urbanas e ao projeto em si.
Público-alvo
Turistas visitantes da cidade de Diamantina a partir da implementação do projeto e acesso público via dispositivos digitais.
Professores da Educação Básica
Habitantes da cidade de Diamantina
Estudantes de Diamantina, das Redes pública e privada de Educação Básica, que serão afetados pelo projeto em sua execução e a partir da disponibilização via dispositivos móveis e rotas urbanas.
Municípios Atendidos
Diamantina - MG
Parcerias
Nenhuma parceria inserida.
Cronograma de Atividades
Carga Horária Total: 500 h
- Manhã;
O Levantamento bibliográfico enfocará o mapeamento da produção bibliográfica sobre a história da cidade e temáticas afins, principalmente ligada à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, com identificação das temáticas abordadas e verificação do potencial de interesse público das informações. Esse levantamento será agrupado em subitens temáticos, cujas informações e links de acesso serão disponibilizados em um website de maneira que possa agregar e disponibilizar a um público maior o acesso facilitado a esta produção acadêmica de conhecimento sobre a história local. Esse levantamento não estará restrito à produção acadêmica, podendo abarcar produtos escritos elaborados em outros âmbitos, tais como relatórios ligados à questão patrimonial. O website, inicialmente, será elaborado a partir de ferramentas gratuitas disponíveis na internet, com posterior possibilidade de construção de um website definitivo com previsão de manutenção e autogestão por parte de equipe criada para este fim.
- Tarde;
Mapeamento de narrativas e tradições orais sobre a cidade no âmbito educacional. Essa atividade terá como foco um trabalho desenvolvido nos espaços escolares, de preferência envolvendo os professores de História da cidade de Diamantina, a partir dos quais será possível levantar histórias da cidade narradas por alunos a partir de tradições familiares. Desta maneira, as atividades desenvolvidas nesta etapa buscará ser atividades formativas, com aplicação de metodologia de história oral aplicada à educação. A etapa será também desenvolvida a partir do subprojeto de extensão "HISTÓRIAS EM REDES: MEMÓRIAS EM PODCAST". Espera-se, ao final desta etapa, identificar narrativas vivas sobre a cidade, consideradas relevantes pois transmitida em âmbitos familiares às novas gerações. Essa reunião de histórias, deverá ser disponibilizada em website para compor uma outra faceta das narrativas sobre o passado. Um subprojeto que abarque esta etapa poderá selecionar escolas em espaços variados da cidade de maneira que possam configurar uma mostra significativa dos espaços. Outra possibilidade é construir grupos focais nos bairros, ou comunidades, para mapeamento dessas histórias.
- Manhã;
- Tarde;
Elaboração e lançamento de website com as informações sistematizadas e recolhidas nas primeiras atividades. O formato e acesso dependerá das condições materiais e o volume e tipo de informações recolhidas nas etapas anteriores.
- Tarde;
A criação de acesso a materiais pilotos, seja a partir de QRcode (Quick Response), e/ou aplicativo, incluirá a identificação de uma temática a ser abordada, os locais a serem disponibilizados, a produção de materiais acessíveis para uma parcela mais ampla da população, considerando o formato amigável para celulares, smartphones e tablets. A criação de um, ou mais acessos, com QRcode poderá ser desenvolvido em subprojeto específico pois envolve a produção de um produto particular, trabalhando de maneira individualizada para que a experiência do acesso possa ser significativa através de Rotas histórico urbanas. Desta maneira, a metodologia para construção do acesso QRcode será desenvolvida e aprimorada a cada criação. Um nome possível para este produto pode ser “nó” ou “QRnó” considerando ser um ponto de acesso à rede de histórias. A quantidade de QRnós a serem criados depende das possibilidades materiais do seu desenvolvimento. Considerando ser uma “local” importante de acesso público às redes de histórias é interessante que haja um número significativo de nós. Etapas da criação de Rotas 1.Identificação da temática/problemática. 2. Escolha dos locais e materiais a serem produzidos para o espaço público. 3. Desenvolvimento do acesso e instalação no local. 4. Teste da experiência 5. Ajustes 6. Lançamento e feedback 7. Manutenção
- Manhã;
- Tarde;
Avaliação e teste: Os produtos desenvolvidos passarão por uma fase de teste para possíveis ajustes com participação de diferentes grupos, em diferentes situações. Replicação: Depois de realizados ajustes nos produtos desenvolvidos, o processo poderá ser novamente iniciado a partir de outras demandas, buscando o aprimoramento da proposta e ampliando as temáticas tratadas.