Criar, implementar e acompanhar um sistema de gestão para as intervenções de prevenção e promoção da saúde no grupo de atividade do bairro da palha usando indicadores da capacidade funcional e qualidade de vida do grupo.

Capacidade Funcional, Qualidade de Vida, Atenção Basica

A Política Nacional de Promoção a Saúde (PNPS), priorizou algumas ações específicas para serem implementadas em campos de atuação, sendo eles: alimentação saudável, prática de atividade física, prevenção e controle do tabagismo, redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito entre outras (BRASIL, 2010). Esta politica também procura contemplar a melhora da qualidade de vida da população. De acordo com os determinantes sociais de saúde (DSS) e suas influências, pode-se perceber que questões relacionados a estilo de vida ativos estão correlacionados com fatores do ambiente em dimensões múltiplas, sendo um deles o acesso aos serviços de saúde. Isso por sua vez, reflete nos marcadores biológicos e pautar ações que incidam sobre a inatividade física pode ajudar a potencializar melhora nos marcadores biológicos (TAVARES, 2010). Assim, a visão da população sobre a atenção primária vem se modificando aos poucos. O que antes era um espaço visualizado para atendimento individual de múltiplas causas e de realização de ações educativas em vários setores, vem sendo transformado para um olhar mais amplo, que além de atendimento individualizado quando necessário, passa a ser um espaço para busca de prevenção e promoção de saúde em coletividade, como a prática de exercícios físicos em grupo e ações que visem toda população atendida pela a Unidade Básica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu a qualidade de vida (QV) como a percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, relacionando-a a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Gonçalves e Vilarta (2004), confirmam a existência de uma relação direta entre QV e as condições de saúde, expressada e comprovada por instrumentos e indicadores objetivos. Dessa forma, destacam que a prática de atividade física apropriada à própria condição fisiológica e com regularidade, o controle do estresse físico e emocional com técnicas específicas às expectativas e os objetivos de cada pessoa, bem como o envolvimento em ações comunitárias estabelecendo laços de apoio e convívio familiar e social, além de atividades de lazer não-sedentário, baseado em ações que envolvam atividade esportiva, hobbies ou trabalho voluntário são considerados hábitos saudáveis que interferem positivamente na qualidade de vida dos indivíduos. Alguns estudos têm demonstrado a importância da participação do profissional de saúde no sentido de educar e estimular mudanças de comportamento nas pessoas. Entretanto, no Brasil, ainda é escasso o conhecimento sobre a orientação de atividade física como estratégia de educação à saúde na rede básica. (Fuscaldo JM et. al 2002) Essa importância fica fortalecida com as conclusões de Borjesson & Dahlof, referindo que a atividade física é muito pouco utilizada no cuidado à saúde, na prevenção e no tratamento, principalmente de algumas morbidades como a hipertensão, em que o efeito da atividade física na redução da pressão arterial é similar ao da terapia farmacológica (Börjesson M et. al 2005) A atividade física (AF) regular surge como um meio de promoção de saúde e melhora da capacidade funcional e qualidade de vida da população. Em relação aos programas mundiais de promoção de saúde, os cientistas enfatizam cada vez mais a necessidade da AF como parte fundamental, pois neste novo milênio a inatividade física é considerada o principal problema de saúde pública. Existem evidências epidemiológicas que sustentam o efeito positivo de um estilo de vida ativo e/ou do envolvimento dos indivíduos em programas de exercícios físicos na prevenção e minimização dos efeitos deletérios do envelhecimento. (American College of Sports Medicine. 2000) Diante destas perspectivas acerca da importância da melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida, torna-se relevante a avaliação e identificação de indicadores norteadores sobre a capacidade funcional e da percepção de qualidade de vida, sobretudo de indivíduos que residem em bairros com baixo desenvolvimento socioeconômico como os moradores do bairro da Palha no município de Diamantina. Possibilitando que profissionais da saúde que atuado na prevenção e promoção de saude na comunidade, possam respaldar suas ações e justificar os possíveis efeitos das intervenções em grupos operacionais.

O Bairro da Palha, no município de Diamantina, tem uma população com baixa condições socioeconômicas tendo impacto na saúde, educação e na qualidade de vida da comunidade. Os moradores na sua maioria são idosos do sexo feminino que estão envolvidas em atividades domesticas e de cuidado dos netos e crianças de vizinhos e amigos. Alguns destes moradores se encontram três vezes na semana na Casa de Nazaré que é de propriedade da Paroquia de Diamantina. Neste encontro o grupo realiza diferentes atividades com objetivo de melhora da capacidade funcional e como opção de ampliar os convívio social. A proposta deste projeto é de ampliar e melhora da gestão das ações de prevenção e promoção da capacidade funcional dos participantes, bem como a implementação de um programa de qualidade de vida para o grupo.

Objetivo Geral Criar, implementar e acompanhar um sistema de gestão para as intervenções de prevenção e promoção da saúde no grupo de atividade do bairro da palha usando indicadores da capacidade funcional e qualidade de vida do grupo. Objetivos específicos Criar sistema de avaliação da capacidade funcional da percepção da qualidade de vida Implementar esta avaliação criando um banco de dados com informações personalizada dos participantes do grupo Criar e implementar ações de intervenções com o grupo utilizando os dados de avaliação da capacidade funcional e qualidade de vida dos participantes. Fazer avaliação semestral dos resultados do período da intervenção para implementação de novas metas de ação para o próximo semestre. Propiciar aos alunos do curso de fisioterapia a oportunidade de aprendizado na atenção básica. Aumentar o vinculo da comunidade com a UFVJM.

Montar um banco de dados baseados em medidas cientificas contendo indicadores de capacidade funcional e cognitiva bem como da percepção qualidade de vida dos integrantes do grupo. 
Utilizar este banco de dados para criar atividades visando a prevenção de limitações funcionais e cognitivas nos participantes fazendo a programação direcionada pelos indicadores individuais dos participantes. Teremos atividades gerais para todo o grupo e atividades para sub-grupos com demandas especificas como treino de equilibro, memória, fortalecimento, melhora capacidade respiratória, cardiovascular, etc. A cada seis meses será a feita reavaliação dos participantes do grupo comparando os indicadores antes e após. A partir desta avaliação novas metas serão estabelecidas para desenvolvimento das atividades no próximo semestre. Este processo é de fluxo continuo com avaliações semestrais. Os indicadores numéricos previstos serão:
Números de moradores participantes no grupo.
Números de grupos estratificados pelas limitações de capacidade funcional e cognitiva antes e após as intervenções. Números de melhora dos indicadores de capacidade funcional de cada integrante do grupo e do grupo como um todo. Números dos índices de qualidade de vida relatado pelo grupo semestralmente. Números de trabalhos enviados para congresso e/ou evento.
Números de relatórios realizados.
Número de trabalhos publicados em revistas de extensão e/ou pesquisa.

Materiais e métodos O grupo de atividades físicas ocorre semanalmente 3 vezes por semana (Segunda, quarta e sextas-feiras) no espaço do prédio da Associação Casa de Nazaré, localizado na Rua Farinha Seca. As atividades tem inicio as 07:15 e finaliza as 8:45. Cuidados para prevenção de COVID 19 (Recomendações do COFFITO, Resolução nº 516, de 23 de março de 2020) Disponibilizar álcool e gel para os profissionais e participantes do grupo. Segurança dos alunos e profissionais • Usar máscara de proteção, cobrindo a boca e o nariz
• Evitar contato físico com outras pessoas e observar a distância mínima recomendada pelos órgãos sanitários entre os usuários
• Evitar contato físico com superfícies em locais públicos ou de uso comum
• Informar os usuários sobre medidas de prevenção
• Controlar os horários das atividades para evitar aglomerações
• Orientar os usuários sobre o uso de kits de limpeza individuais
• Higienizar materiais e equipamentos no início e ao fim de cada sessão de exercício
• Definir local para descarte de lenços, copos e toalhas de papel Segurança dos participantes do grupo • O profissional deve solicitar expressamente aos usuários dos seus serviços para que adotem todas as medidas de segurança descritas a seguir, independentemente de outras que julgue relevantes: • Determinar o uso de máscara de proteção, cobrindo a boca e o nariz • Orientar sobre a lavagem das mãos no início e ao final da atividade, e também ao término de exercícios no solo, ou uso de equipamentos • Orientar sobre o uso de garrafa individual para hidratação Orientar sobre a distância entre os beneficiários/usuários, conforme definido pelas normas sanitárias Orientar sobre a higiene de equipamentos e acessórios pessoais antes, durante e após a atividade. Primeira Etapa: A primeira etapa será a realização da bateria de testes para a montagem do banco de dados dos indicadores. Estes testes serão conduzidos pelo aluno da extensão, enquanto os estagiários da graduação conduzirão as atividades juntos aos participantes que não estavam sendo avaliados. Desta forma, as avaliações ocorreram sem comprometimento do seguimento das atividades do grupo. A avaliação seguiu um formulário próprio, contendo um roteiro para anamnese e uma bateria de testes funcionais . A anamnese tem a função de conhecer as queixas principais dos participantes, histórico de quedas e eventuais morbidades, medicamentos em uso pelos participantes, valores da presão arterial e frequência cardíaca de repouso. Em seguida, os participantes serão submetidos a realização de teste de equilíbrio de Romberg, testes funcionais como o timed up and go (TUG), sentar e levantar 5 vezes, short physical performance battery (SPPB), velocidade de marcha, marcha tandem e força de preensão palmar por meio de um dinamômetro Jamar. Testes de avaliação da capacidade funcional que serão realizados: Time get up and go (TUG): Amplamente utilizado na avaliação do equilíbrio corporal e da mobilidade funcional em idosos. Os participantes deviam levantar de uma cadeira percorrer 2,4m o mais rápido possível e retomarem a posição de sentado (Paula,2007) Sentar e levantar da cadeira: Teste amplamente utilizado para determinar a aptidão física em idosos. Os participantes inicialmente na posição sentado deviam levantar-se e sentar-se cinco vezes o mais rápido possível. (Santos, 2013) Velocidade de Marcha: Teste amplamente utilizado para determinar capacidade física, risco de quedas, além de ser preditor de hospitalização e óbito. Foi demarcado um trajeto de 10 metros que devia ser percorrido pelos participantes o mais rápido possível sem correr. Os primeiros 2 metros (aceleração) e últimos 2 metros (desaceleração) foram descartados e a velocidade media dos 6 metros restantes foi calculada.(Novaes, 2011) Marcha Tandem : um teste em que a população idosa apresenta um desempenho fraco. Portanto, acredita-se que ele não tenha sido sensível o suficiente para detectar a melhora do equilíbrio corporal dos idosos. (Bastone, 2014) Romberg : No teste , o paciente é instruído a permanecer na posição ortostática, com os pés unidos e os braços ao longo do corpo, durante 1 minuto, inicialmente com os olhos abertos e posteriormente com os olhos fechados. A perda do equilíbrio caracteriza a positividade do teste . (Shimizu, 2010) Preensão Palmar é um teste funcional amplamente utilizado para aferir a força muscular global. Avaliação da Qualidade de Vida Para esta avaliação será utilizado o questionário desenvolvido pelo grupo World Health Organization Quality Of Life (WHOQOL) da OMS desenvolveu dois instrumentos, já validados no Brasil, o WHOQOL-100 e o WHOQOL-Bref. O primeiro consta de 100 questões que avaliam seis domínios: a) físico, b) psicológico, c) de independência, d) relações sociais, e) meio ambiente e f) espiritualidade/crenças pessoais. O segundo instrumento que será utilizado é uma versão abreviada, com 26 questões, extraídas do anterior, entre as que obtiveram os melhores desempenhos psicométricos, cobrindo quatro domínios: a) físico, b) psicológico, c) relações sociais e d) meio ambiente (MINAYO, HARTZ, BUSS, 2000). Segunda etapa: Estratificação do grupo de acordo com os indicadores individuais. Montagem de programas de atividades para atender a meta de melhora desses indicadores. Implementação destas atividades a serem realizadas três vezes por semana. Montagem de palestras educativas sobre temas como Hipertensão, diabetes, alimentação saudável, importância do uso correto dos medicamentos, qualidade de vida, etc. Atividades de socialização, recreação, lazer, etc utilizando os indicadores de melhor da Qualidade de vida dos moradores do bairro. Terceira etapa: Apos um semestre da intervenção os testes serão repetidos e comparados para avaliar se as metas foram alcançadas. Apos analise dos resultados novas metas e ações de intervenção serão desenvolvidas para implementação no próximo semestre. Este processo é de fluxo continuo com avaliações semestrais.

BÖRJESSON M, DAHLÖF B. Physical activity has a key role in hypertension therapy. Lakartidningen 2005; 102:123-4. CHAKRAVARTHY MV, JOYNER MJ, BOOTH FW. An obligation for primary care physicians to prescribe physical activity to sedentary patients to reduce the risk of chronic health conditions. Mayo Clin Proc 2002; 77:165-73. Departamento de Gestão da Educação na Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Ministério da Saúde. A educação permanente entra na roda: pólos de educação permanente em saúde: conceitos e caminhos a percorrer. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. FACCHINI LA, PICCINI RX, TOMASI E, THUMÉ E, SILVEIRA DS, SIQUEIRA FV, et al. Desempenho do PSF no Sul e no Nordeste do Brasil: avaliação institucional e epidemiológica da atenção básica à saúde. Ciênc Saúde Coletiva 2006; 11:669-81. FACCHINI LA, PICCINI RX, TOMASI E, THUMÉ E, TEIXEIRA VA, SILVEIRA DS, et al. Avaliação de efetividade da Atenção Básica à Saúde em municípios das regiões Sul e Nordeste do Brasil: contribuições metodológicas. Cad Saúde Pública 2008; 24 Suppl 1:S159-72. FUSCALDO JM. Prescribing physical activity in primary care. W V Med J 2002; 98:250-3. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. Cuidados com idosos foram discutidos em seminário, 2010. MIDDLETON, Addie; FRITZ, Stacy L.; LUSARDI, Michelle. Walking speed: the functional vital sign. Journal of aging and physical activity, v. 23, n. 2, p. 314-322, 2015. Ministério da Saúde. Termo de referência para o estudo de linha de base nos municípios selecionados para o componente 1 do PROESF. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. NORTHGRAVES, Matthew J. et al. The test-retest reliability of four functional mobility tests in apparently healthy adults. Isokinetics and Exercise Science, v. 24, n. 3, p. 171-179, 2016. PERERA, Subashan et al. Meaningful change and responsiveness in common physical performance measures in older adults. Journal of the American Geriatrics Society, v. 54, n. 5, p. 743-749, 2006. TSANG, Raymond CC. Reference values for 6-minute walk test and hand-grip strength in healthy Hong Kong Chinese adults. Hong Kong Physiotherapy Journal, v. 23, n. 1, p. 6-12, 2005.

Por meio Implementação das atividades funcionais e de melhora da Qualidade de vida, ocorre a troca entre os saberes sistematizado para os acadêmicos e para os participantes do grupo. Esta interação possibilita a produção de conhecimento resultante do confronto com a realidade, propiciando a efetiva participação da comunidade na atuação da universidade, com vistas ao desenvolvimento de sistemas de parcerias universidade a comunidade.

A interdisciplinaridade e a interprofissionalidade estão presentes neste projeto que envolve diferentes campos de saberes e formação bem como diferentes praticas profissionais.

Este projeto abrange as três áreas. Ensino nas atividades educativas que serão realizadas pelo aluno de graduação da fisioterapia. O projeto de extensão proposto também terá a formação de bancos de dados e escrita de trabalhos com formatação de Pesquisa. Desta forma temos um projeto que contempla ensino, pesquisa e a extensão.

A estudante da graduação terá a experiência aprender como implementar um programa de prevenção e promoção da saúde na atenção básica. Oportunidade de por em pratica o aprendizado sobre capacidade funcional e qualidade de vida atendendo aos participantes do grupo. Aprendizado de como gerenciar as relações de trabalho e social com os moradores da comunidade.

Este projeto terá um impacto na saúde e qualidade de vida dos moradores da Comunidade da Palha.

Este projeto não requer divulgação para sua execução, pois o grupo já esta em atividade necessitando de suporte e gestão que esta sendo proposto neste projeto. Será realizada a escrita de trabalhos para publicação em congressos e publicação em revistas cientificas.