Um dos pilares da assistência integral à saúde é a realização de atividades educativas e de promoção de saúde. A sala de espera dos atendimentos na unidade mista de saúde de Presidente Kubitschek recebe uma grande quantidade de usuários, sendo esse momento de espera uma oportunidade para realizar educação em saúde com a população da cidade que frequenta esse estabelecimento. Serão distribuídas cartilhas informativas e realizadas rodas de conversa com a população sobre diversos temas em saúde.

Educação em saúde, promoção da saúde, prevenção em saúde.

O Sistema Único de Saúde (SUS) segue os princípios de universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde da população brasileira. A universalidade se refere à garantia de acesso ao sistema de saúde para toda a população. A equidade dispõe sobre se “tratar desigualmente os desiguais”, de modo a garantir condições de vida e saúde, por meio do acesso ao sistema de saúde, a toda população, conforme suas necessidades. A integralidade abarca um leque de ações possíveis para a promoção, a prevenção de riscos e agravos e assistência à saúde da população (SPM, 2016). Segundo o Ministério da Saúde (MS) (2012), um dos pilares da assistência integral à saúde é a realização de atividades educativas e de promoção de saúde. Nesse sentido, o MS define a educação em saúde como o processo educativo de construção de conhecimentos em saúde, que visa à apropriação temática pela população, sendo um conjunto de práticas que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades (BRASIL, 2006). Para isso, a compreensão do processo saúde-doença como expressão das condições objetivas e subjetivas de vida, isto é, como resultante das condições de habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, socialização e acesso a serviços de saúde (BRASIL, 1986), revela a determinação da saúde e da doença para além do modelo puramente bioético, mas como produção social, passível de ação e transformação, e aponta também para um plano coletivo, e não somente individual, de intervenção. Assim, torna-se possível e adequado pensar educação em saúde como formas de reunir e dispor recursos para intervir e transformar as condições de vida, visando a alcançar a saúde como um direito socialmente conquistado, a partir da atuação individual e coletiva (MOROSINI MV, FONSECA AF, PEREIRA IB, 2009), e da visão do processo saúde-doença abarcando as dimensões biopsicossocioculturais e espirituais como determinantes da saúde dos indivíduos, estimulando ações em saúde de forma universal, equânime e integral. Dessa forma, fica evidente o benefício de realizar-se educação em saúde voltada para a conscientização da população sobre hábitos de promoção e prevenção em saúde, bem como sobre conceitos básicos de doenças prevalentes na população, através de linguagem acessível e a partir de informações científicas de qualidade, de forma a ampliar o conhecimento dos indivíduos sobre seus fatores de risco, prevenção, sintomas e formas de cuidado, promovendo autonomia e autocuidado. Nesse sentido, o atual projeto irá atuar na divulgação de informações de qualidade e no incentivo à população pela postura de cuidado e atenção à saúde, instruindo quanto à adoção de hábitos saudáveis e orientando sobre as principais medidas de prevenção primária e prevenção de agravos nas comorbidades, de forma que elas tenham maior conhecimento e preparo para lidar com sua saúde e, assim, tendo autonomia para atuar em seus determinantes de saúde, visando à redução de sua morbimortalidade a longo prazo.

O Vale do Jequitinhonha é uma região sabidamente carente, o que se mostra através de diversos marcadores sociais. Um deles é referente ao nível de instrução: em 2010, o Alto Jequitinhonha registrou mais de 38.000 pessoas analfabetas dentre aquelas acima de 15 anos, e mais de 70% dos indivíduos com mais de 25 anos não terminou o ensino fundamental. Outro exemplo é a baixa cobertura de água e de esgotamento sanitário em comparação com o restante do estado de Minas Gerais, bem como as carências habitacionais, o que corrobora para a formação de comunidades mais fragilizadas e com baixo desenvolvimento social (MIRANDA JÚNIOR, 2017). No que tange à saúde, também se percebe a vulnerabilidade da região. Ao observar-se a lacuna existente no acesso à informação em saúde, bem como o baixo nível de instrução dos indivíduos sobre os cuidados em saúde durante seu ciclo de vida, nota-se a necessidade de elaborar projetos com ênfase na disseminação do conhecimento sobre temas diversificados que abrangem o cotidiano desse grupo. A cidade de Presidente Kubitschek possui cerca de 3 mil habitantes, de acordo com o IBGE (2021), sendo todos adscritos na Estratégia de Saúde da Família que funciona dentro da Unidade Mista, em conjunto com o serviço de Pronto Atendimento. Dessa forma, todos os habitantes da cidade buscam este serviço quando possuem demandas em saúde. Na sala de espera da Unidade, existe uma grande quantidade de usuários durante todo o dia, o que representa uma oportunidade para realizar ações visando promoção, prevenção e educação em saúde com os usuários, facilitando o acesso da população ao conhecimento, ao mesmo tempo em que o momento de espera torna-se produtivo, como foi demonstrado por Silva et al (2019). Portanto, este projeto tem como objetivo promover educação em saúde popular, estimulando a postura de autocuidado e adoção de hábitos de vida saudáveis, divulgando informações sobre a saúde em geral, comorbidades mais prevalentes na população, e sobre a importância da manutenção de estilo de vida saudável, prevenção, rastreamento, diagnóstico precoce e acompanhamento do processo saúde-doença, a fim de reduzir a incidência e morbimortalidade pelas diversas doenças. Assim, será possível contribuir com a saúde da população por meio do compartilhamento de informações e orientações de qualidade, capacitando-a para atuar com vistas à melhoria da própria qualidade de vida e dos desfechos em saúde. Ao mesmo tempo, será possível consolidar o conhecimento dos discentes participantes, estimulando a aprendizagem teórico-prática e enriquecendo sua formação acadêmica e profissional.

Objetivo geral: Promover educação em saúde para a população de Presidente Kubitschek/Minas Gerais. Objetivos específicos: - Incentivar adoção e manutenção de estilo de vida saudável; - Proporcionar informações acerca dos principais cuidados em saúde; - Orientar sobre os agravos mais comuns à saúde; - Fornecer informações acerca dos exames de diagnóstico precoce em saúde da mulher, do homem e da criança; - Distribuir folhetos educativos com orientações sobre saúde; - Distribuir folhetos educativos com orientações sobre comorbidades prevalentes na população.

- Promover a adoção de hábitos de vida saudáveis em 100% da população-alvo. - Conscientizar todos o participantes sobre os fatores de risco e os fatores de proteção relacionados à saúde. - Educar 100% da população-alvo sobre diagnóstico, acompanhamento e seguimento do tratamento das comorbidades mais prevalentes. - Fortalecer as recomendações em saúde preconizadas pelo Ministério da Saúde. - Promover o conhecimento e estimular a postura de atenção em relação à própria saúde em toda a população-alvo.

Este projeto tem como objetivo promover educação em saúde para a população que frequenta a Unidade Mista de SSaúde da cidade de Presidente Kubitschek/Minas Gerais, único estabelecimento de Estratégia de Saúde da Família e Pronto Atendimento da cidade, que recebe demandas da Atenção Primária à Saúde e da Urgência e Emergência. O projeto será executado por discentes do 12º período do curso de Medicina da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, que realizam o Internato Rural na cidade, atuando na Unidade Mista de Saúde, e coordenado e supervisionado por professora médica. Para a realização das ações, inicialmente, os discentes farão revisão de literatura sobre os temas a serem abordados, como: estilo de vida saudável, hipertensão, diabetes, depressão, cânceres e outras doenças. Em seguida, serão confeccionadas cartilhas sobre prevenção e promoção à saúde, bem como sobre as doenças mais prevalentes na população. Essas cartilhas serão distribuídas para os usuários do serviço durante o acolhimento e a triagem no serviço, e também ficarão disponíveis na recepção da Unidade para que os transeuntes possam pegar e levar para casa. Além disso, uma vez na semana, realizarem palestras e/ou rodas de conversa na sala de espera para os atendimentos, dentro dessa no formato de intervenções breves, com linguagem acessível e direcionadas a temas em saúdes, para estimular a atenção e participação ativa dos pacientes na construção de conhecimento sobre saúde. Ao final do projeto, os discentes participantes serão estimulados a escreverem um Relatório Final da ação, sob orientação da professora coordenadora.

BRASIL. Ministério da Saúde. Educação em Saúde. In: Relatório da VIII Conferência Nacional de Saúde, Brasília, 1986. Brasil . Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde . Câmara de Regulação do Trabalho em Saúde. Brasília: MS; 2006. BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2012. 114 p. : il. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Brasileiro de 2021. Rio de Janeiro, 2021. SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES - SPM. Monitoramento e Acompanhamento da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) e do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres 2013-2015 (PNPM) - Brasília/DF, 2016. SILVA, T. N. R, ET AL. Sala de Espera: uma Possibilidade de Intervenção em Saúde do Trabalhador. Cad. Bras. Ter. Ocup. v. 27, n. 4, p. 907-916, 2019.

Pretende-se contribuir diretamente para a promoção de saúde e educação continuada em saúde da população alcançada. Espera-se que o projeto possa envolver diferentes setores da sociedade e, indiretamente, contribuir para a melhoria dos serviços de atendimento à saúde nos quais os estudantes e profissionais envolvidos atuarão em suas práticas acadêmicas e profissionais. A interação com a comunidade externa à UFVJM será dialógica no sentido de que se espera que a ação seja uma oportunidade para que estudantes tragam seus olhares, conhecimentos e contribuições, promovendo intercâmbio de saberes e favorecendo a formação continuada de todos e também aprimoramento das habilidades técnicas dos envolvidos.

A ação traz a integração das áreas de conhecimento das ciências da saúde, da educação e do voluntariado, estimulando a busca pelo conhecimento e a aprendizagem de todos os envolvidos na organização, realização e participação na ação.

A ação vincula ensino e extensão ao propor um intercâmbio com a comunidade externa para construção de conhecimento e orientações práticas sobre os cuidados em saúde e comorbidades mais prevalentes na população. Estudantes participantes do projeto serão incentivados a organizar e executar a ação. Articula-se também com pesquisa, já que espera-se que a demanda da população durante o projeto possa fomentar material para futuras pesquisas sobre o impacto desse tipo de ação nos cuidados com a saúde.

Os discentes serão responsáveis pela estruturação e execução do projeto, tendo a oportunidade de desenvolver competências relacionadas à organização, liderança, comunicação interpessoal e comunicação profissional. Além disso, é uma oportunidade para aprofundar e solidificar conhecimentos acerca dos principais agravos à saúde da população e das repercussões da prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce, mudando desfechos potencialmente desfavoráveis através da prevenção primária.

Espera-se que a ação atinja a população de Presidente Kubitschek de maneira positiva, trazendo conhecimento e ferramentas para que essas pessoas possam ser partícipes no processo de transformação do cuidado em saúde tão necessário nos dias atuais. Isso só pode ser alcançado quando os indivíduos tornam-se conhecedores e protagonistas do seu processo saúde-doença, bem como de seus direitos fundamentais, além de entenderem a importância da prevenção das principais moléstias através de medidas preventivas sobre os agravos em saúde e dos exames de rastreio, mudando assim os desfechos desfavoráveis causados por eles. De tal modo, a aproximação entre a universidade e a sociedade impacta na procura assertiva dos serviços de saúde, bem como na melhoria dos atendimentos a essa população e, por conseguinte, favorece também o intercâmbio de experiências.

O projeto será amplamente divulgado na Unidade Mista de Saúde da cidade.